CRÔNICAS

VOCÊ ESTÁ DORMINDO OU ACORDADO?

    A compreensão de quem realmente somos e qual o nosso papel nesse mundo são os principais objetivos das práticas espirituais. Todos nós estamos em busca da nossa verdadeira essência interior, mesmo que não percebamos isso. Essa busca nos leva ao desenvolvimento da chamada Inteligência Espiritual.
    E só para lembrar-lhe: por favor, não confunda religião com espiritualidade! Religião tem leis, dogmas, a espiritualidade apenas busca a verdade interior independente de qualquer crença religiosa. Quero dizer com isso, que o ideal seria primeiro entendermos a essência da  alma para depois buscarmos as verdades escritas e difundidas nas religiões. Caso contrário, a tendência é virarmos fanáticos “papagaios” falando de coisas que ouvimos, mas não entendemos! Passamos a repetir “verdades” que não estão em nosso coração, porque não fazem parte das práticas diárias.
   Sabe aquela verdade ouvida e decorada desde os tempos de catequismo da 1ª comunhão na Igreja Católica: “Somos todos iguais aos olhos de Deus” – mas desde quando você olha para o menino do sinal que lhe pede uma esmola, ou a empregada que chegou atrasada e os ver iguais a você? As verdades decoradas não passam de frases feitas, se elas não tiverem sentido prático em nossa vida são como palavras ao vento. Dessa forma, o desenvolvimento da Inteligência Espiritual é fundamental para entendermos o verdadeiro sentido da existência através da compaixão e do servir ao outro. E como todos são iguais no sentimento de existir, nas dores e conflitos, o que nos torna diferentes é a nossa compreensão interior do mundo que nos cerca.
   Vamos encontrar em todas as grandes tradições religiosas — seja a cristã, hindu, judaica, islâmica ou budista,  algo em comum: servir com amor. Esse é o ponto principal da evolução do ser humano, que nos dá a compreensão do que somos e para que estamos aqui. Está compreensão nos leva a captação da natureza da mente - a matriz dos pensamentos. E como os pensamentos geram as ações, o conhecimento da natureza da mente pode ser a chave que abrirá a compreensão de todas as verdades ditas e repetidas pelos os grandes mestres da humanidade. Uma compreensão que nos coloca no caminho de Deus através do amor incondicional – ferramenta básica em qualquer experiência espiritual, uma vez que nos desperta para servir sem egoísmo.
    Infelizmente a maioria das pessoas vive como robôs diante da vida. Elas não questionam, não se colocam, não sabem nem porque estão vivas! Uma pessoa que busca e questiona as verdades feitas e fabricadas pelas elites - sejam intelectuais, sejam religiosas ou políticas, estão “acordadas”. São pessoas que desejam algo mais do que serem “boiadas” na estrada da vida. E você, está dormindo ou acordado (a)? Você questiona as “verdades” dentro da sua religião? Você questiona as leis impostas e sem sentido, a miséria da sociedade, do mundo? Se não, você está dormindo e muito cuidado com os pesadelos desse sono! As pessoas que estão acordadas podem até pagarem um preço pela lucidez, mas com certeza estarão muito mais vivas e energeticamente saudáveis do que as que fingem viver. As pessoas que se acomodam por medo do novo, das mudanças, daquilo que não compreendem, estão dormindo o mais tolo dos sonos – o sono da ignorância que os faz perder as grandes paisagens da vida.
   Essas pessoas, que estão “dormindo”, vivem julgando e criticando todos como se fossem “juizas” de Deus. O maior medo é não ter razão diante das escolhas que fazem, porque morrem de medo ou se culpam por tudo. Mas esquecem de se perguntar vez por outra: Será que tenho o direito de julgar alguém? Será que realmente sei o que é o melhor para os outros, se mal sei andar pelo meu próprio caminho e fazer as escolhas certas para a minha vida?
   Pense nessas questões todas as vezes que sua mente ou sua boca for expressar algo de ruim sobre alguém. Porque a mente superficial vive na ilusão e apenas os sentimentos de compaixão e doação são caminhos da espiritualidade. Eles nos ensinam o respeito pelo o outro, não importa quem seja esse outro.
   Dessa forma, o inicio do acordar é buscar um caminho de vida com consciência e calma para não cairmos nas armadilhas ideológicas, sejam religiosas ou políticas, que transformam as pessoas em robôs comandados, e adormecidos, que não pensam ou questionam. Muita luz da Verdade no seu coração.

O SEGREDO DA FLOR DE OURO

   Quando li o milenar manuscrito taoísta “O Segredo da Flor de Ouro”, entrei em contato com a verdadeira energia Crística que faz desabrochar nosso espírito, e isso me deixou profundamente filosófica.... Fiquei pensando na “Flor de Ouro” que habita nosso interior e nos transmite força para transcender os desejos do ego. Na verdade, a “Flor de Ouro” é a energia Crística da compaixão e da bondade que flui através do chakra* do coração, a morada da alma.
   Entrar em contato com a nossa “Flor de Ouro” é uma espécie de processo alquímico de purificação, onde o inconsciente pessoal se unirá ao inconsciente coletivo. Ou seja, para alcançarmos essa união temos que transcender o ego individual e nos sentir uno com todas as partes – isso é a verdadeira essência do holismo: união, compaixão, sabedoria. Pessoas como Madre Tereza de Calcutá ou São Francisco, que devotaram suas vida aos pobres, encontraram a essência da “Flor de Ouro”.
   No tratado “O Segredo da Flor de Ouro”, Lu Tzu – o mestre, pergunta para seus discípulos: “antes do eu, quem sou eu? Depois do eu, quem sou eu?”. É confuso, não é? Na verdade, o mestre tenta mostras que o que aparentamos ser não é nós, que nosso comportamento e reações cotidianas não representa verdadeiramente nós, pois somos muito mais do que um temperamento ou um comportamento. Somos uma essência divina. E quando nos identificamos com essa essência transformamos nossa negatividade na Luz da Consciência Crística.
   Mas ai você pode perguntar: “Se alguém me agride e fico irritado, também quero agredir a pessoa! Quem é esse ser violento que mora dentro de mim?” – Esse temperamento que você está apresentando também não é você, é apenas uma parte sua. O Eu que fica irritado e reage com agressividade é uma das máscaras do seu Ego. Se você se identificar com esse lado, ele ganhará força e tomará conta de você – essa é à base das neuroses, a crença de que somos mal e indignos, por isso seremos eternamente castigados.
   Com conceitos um tanto abstrato, mas profundos, os mestres budistas nos levam a busca de nossa verdadeira essência. Não se trata de negarmos os atos ou fugirmos das nossas ações e suas conseqüências. Antes de tudo, trata-se de não nos identificar com o lado escuro de nosso ser. Claro que somos capazes de fazer coisas muito feias, maldosas, que podem nos causar vergonha e culpa. Contudo, se nos identificarmos muito com a culpa, não crescemos, pois não seremos capazes de olhar dentro da alma e entender a experiência dos atos. Ficamos presos na “roda da vergonha”, e como autopunição  faremos tudo novamente, tudo aquilo que nos envergonha.
   Assim, ao invés de culpa, transforme seus atos vergonhosos em crescimento e consciência. Com certeza você sairá ganhando. Se todas as manhãs, ao acordar, você se perguntar “quem sou eu?”, começará um processo de autoconhecimento que trará grandes mudanças a sua vida, pois quem sabe, encontrará sua “Flor de Ouro”, sua paz interior através da bondade – o caminho para a felicidade.
*chakra – ponto energético.

O SOFRIMENTO DE GAIA

   Estamos vivendo tempos de profundas inseguranças e mudanças no nosso planeta Terra, que era chamado pelos antigos gregos de Gaia. De repente, estamos assistindo a grandes catástrofes como as ondas gigantes que devastaram a Ásia, matando em minutos milhares de pessoas. Nevascas nunca vistas na Europa, furacões assustadores nos E. Unidos e até no Brasil! Florianópolis foi varrida por ventos que foram classificados como um furação leve. O que está acontecendo com o tempo, com o planeta?
   Os cientistas falam do efeito estufa, buracos na camada de ozônio causados pela poluição, que estamos destruindo o planeta com nossos hábitos e etc. e tal. Concordo em parte. Calma! Antes de acharem que virei antiecológica, me deixa explicar. Nós, os seres humanos somos muitos arrogantes ao acharmos que temos o poder de destruir a Terra! Claro que podemos fazer um estrago bem grande, mas quem sairá destruído dessa brincadeira com uma tecnologia suja e devastadora, é a humanidade. Duvido que possamos destruir o planeta. Estamos destruindo é a nós mesmo, como bestas suicidas!
   Gaia – o planeta Terra, é um ser com uma consciência muito inteligente. Assim, como nós temos nosso sistema imunológico para cuidar da saúde do nosso corpo, a Terra também tem o dela. E para ela somos como vírus ou bactérias tentando matá-la. O que ela fará? Já está fazendo. Quando os vulcões explodem, quando os maremotos invadem as terras, quando o efeito estufa esquenta o planeta como se ele estivesse com febre, é Gaia tentando se curar. E nós? Bom, se a gente não melhorar nossa conduta e virarmos construtores ao invés de destruidores, seremos banidos facilmente desse planeta tão lindo!
  Nossa única saída é lutarmos por leis mais ecológicas, é trabalharmos por uma educação ambiental séria, que leve consciência de que somos parte da natureza e não senhores dela! Essa é a chamada ecologia interior, que busca a educação como conscientização de que o planeta não é uma bola de gás inerte perdida na imensidão do cosmo, que ele tem vida própria e que sofre como nós ao ser poluído, dilacerado em suas entranhas por buscas mesquinhas de ouro, petróleo, metais. Que está sufocado com a fumaça de nossas fabricas, de nossos carros. Que os mares estão totalmente devastados e sujos, e o mar o sangue do planeta. Sem essa consciência, duvido que possamos mudar os estragos dos últimos cem anos.
   Gaia - nossa Mãe Terra, está buscando formas de retornar ao seu equilíbrio natural. E vai consegui-lo, mas não sabemos a que preço! Gaia sofre e nos sofremos juntos. Porque se nosso planeta está doente, nós também estamos. Será atoa a quantidade de doenças autoimunes que surgiram nas ultimas décadas? Assim como a AIDS destrói o sistema imunológico, as poluições de certos produtos também destroem o sistema da Terra. Nesse caso, temos que voltar a ter uma vida mais natural, usarmos menos remédios químicos, menos consumo de produtos supérfluos (e a maioria são!), menos venenos na nossa comida.
   Para salvar Gaia, e salvarmos nossa vida, temos que procurar alternativas de vida. Procure ler sobre as teorias holísticas, sobre as práticas das terapias naturais, procure ser saudável e estar de bem com a vida. Ame mais, se doe mais, trabalhe a compaixão no seu coração. O planeta necessita de energia amorosa para se curar! Luz e cura para todos nós.
“MAMA TERRA” – A MÃE DE TODOS

"Gaia, mãe de todos, a mais antiga dos deuses,
De bases firmes, alimentando todas as criaturas da Terra.
Todos os que se movem pela terra irradiante
E nadam no mar
E voam pelos ares
A todos alimenta com sua bondade.
Senhora, de vós saem as nossas lindas crianças
E as fartas colheitas.
Vosso é poder de dar aos mortais a vida e de tirá-la."
J. Donald Hughes

   Esquecida, amargurada e muito doente, Gaia - a Mãe Terra, o nosso planeta, nosso lar, nosso ventre pede socorro. Assim como as mulheres de todos os tempos, a Terra também foi mortalmente ferida pelo patriarcal egocêntrico que só se preocupou com o lado material da vida. Gaia pede socorro, suplica por seu corpo machucado, por sua alma amordaçada, por seus filhos perdidos. Gaia, mulher e mãe, agonizando chora pelo egoísmo humano, pela insensibilidade das pessoas que queimam suas arvores, arranca de suas entranha o petróleo, ouro, minerais diversos e riquezas que esgotam a velha mãe. Gaia sofre, mas assim mesmo se doa, cuida, amamenta a humanidade sedenta e insaciável como uma criança mal-criada.
   O grito de Gaia mostra que estamos sistematicamente depredando os recursos naturais do mundo em que vivemos nos afogando em lixo, poluição, violência, e tudo de tal forma que colocamos em jogo nossa própria sobrevivência no seio da Mãe Terra. Podemos até dizer: “Mas o que é que eu posso fazer? Eu não mando em nada, isso é problema dos políticos, do governo”. E fecharmos tranquilamente nossa porta e vamos assistir calmamente pela TV as mil denuncias como se não passassem de ficção, sem desconfiarmos da colossal emboscada que estamos armando para nós mesmos, os filhos do mundo.
   A questão meu povo, é que o planeta Terra não pertence a governo nenhum! Essa bola azul que navega pelo Universo é um enorme organismo vivo, que nos alimenta e abriga, mas que não nos pertence. A Terra somos nós! Somos parte do seu corpo vivo e pulsante como uma criança no ventre da mãe. Para os antigos gregos, Gaia era uma deusa, a imagem da Mãe eterna doadora de vida e foi uma das primeiras representações religiosas que temos notícias, antes que os deuses do patriarcal surgissem. Gaia era reverenciada em seus aspectos de criadora e doadora da vida, já que os antigos sabiam que tudo provinha da terra e a terra voltaria.
    Para os homens da pré-história as mulheres eram muito intrigantes, podiam dar a luz, sabiam segredos de cura, acalentavam e cuidavam, eram especiais. Muitos achados arqueológicos nas escavações Neolíticas mostravam pinturas rupestres de mulheres grávidas e entalhes simbolizando a vulva feminina marcando os túmulos como uma promessa de renascimento após a morte. Em todos os tempos, sejam através das estátuas e pinturas, a maternidade sempre foi venerada como algo sagrado. E por que não veneramos o planeta Terra? Porque nossa sociedade tecnológica perdeu o contato com suas origens, com o sagrado, com o espiritual. E só existe uma maneira de recuperarmos isso: resgatarmos nossa inteligência espiritual e o respeito pelo o próximo, começando pela Mãe Terra.
   Sem a consciência de que estamos de tal forma ligados ao planeta Terra, que qualquer agressão que fazemos a natureza é uma forma de suicídio coletivo, nada faremos. Por exemplo, uma criança no útero não é afetada por qualquer problema de saúde da mãe? Pois devemos ter a consciência que também estamos num útero, o útero do planeta. E essa ligação é de forma tão orgânica que nossa vida depende totalmente da saúde do planeta. É urgente a compreensão de que a terra é um imenso organismo feito de minerais, pedras, montanhas, rios, mares, plantas e animais das mais variadas formas, e somos, nós os humanos, apenas uma pequena parte desse organismo, unidos pelo mesmo ar que respiramos!
   Infelizmente, por causa de nossa cultura materialista e ignorante, tomamos atitudes que sujam, poluem ou espoliam o planeta. Outro dia, vi um senhor sair de uma banca de revista com um exemplar nas mãos e sem o menor pudor arrancou o plástico que envolvia a revista e o jogou no meio da rua! Respirei fundo para não sair correndo atrás do tal sujeito e mostrar minha indignação. Você sabe quantos anos leva um plástico para se desintegrar na natureza: 200 anos! É isso mesmo, 200 anos. E ai você começa a pensar: “estamos perdidos!”. Se nós não começarmos urgentemente a fazer a nossa parte realmente estamos perdidos. Não têm mais como ignorarmos fatos que a mídia estampa diariamente, como o efeito estufa, a poluição do ar, das águas, o aniquilamento da camada de ozônio e a violência ambiental causada pela acumulação de plástico e de resíduos industriais.
    Tem um livro que pode nos ajudar na educação ecológica chamado “50 Pequenas Coisas Que Você Pode Fazer Para Salvar A Terra” editado pelo grupo The EarthWorks Group em 1989 pela Editora Best-Seller. Esse grupo é uma entidade ecológica americana sediada na Califórnia, que tem por finalidade mostrar de maneira clara e didática o nível de poluição e outras lesões que estamos submetendo nosso planeta. Através de sugestões de atitudes simples que estão ao alcance de todos, o livro sugere ações diversas que podem ajudar.
   São atitudes que não precisam de grandes mudanças no nosso cotidiano e podemos assim fazer nossa parte, contribuindo de forma anônima, mas fundamental para o futuro da vida no planeta. Você quer ver como é fácil? Leia algumas das sugestões do quadro abaixo e mude suas atitudes, como diria um amigo: o planeta agradece!

SUGESTÕES ECOLOGICAMENTE CORRETAS
- Use uma marca de detergente biodegradável. Consulte o rótulo antes de comprar.
- Procure usar mais produtos caseiros na limpeza diária, como o bicarbonato de sódio para banheiros e cozinhas, vinagre diluído para vidros e azulejos, limão para polir metais.
- Reaproveite as embalagens em geral. Substitua as toalhas de papel pelas de pano. Milhares de árvores ficarão felizes.
- Economize energia elétrica usando a luz natural.
- Regule o motor do carro com freqüência. Não deixe o motor ligado sem necessidade.
- Limite o uso do plástico. Reaproveite as embalagens. Use mais copos de vidro e menos os descartáveis.
- Procure não usar isopor, não são biodegradável e daqui a 500 anos aquela embalagem de ovos ainda estará sujando a superfície da Terra. Boicote os produtos que venham em embalagens de isopor.
- Não jogue lixo na praia, nas ruas, nos terrenos baldios.
- Substitua as lâmpadas incandescentes por fluorescentes.
- Sempre que puder, utilize fraldas de pano em vez das fraldas descartáveis. Elas também levam quinhentos anos para se decompor. 
- Separe seu lixo: Papel, vidro e alumínio podem ser reciclados se forem devidamente separados e encaminhados as Associações que reciclam lixo.
- No escritório reaproveite os envelopes, papeis, carbono, clipes, grampos e fitas adesivas, que são materiais não-recicláveis.
- Recorra à literatura especializada para descobrir alternativas mais saudáveis para substituir os produtos que poluem o meio ambiente e vamos todos cobrar do governo políticas ambientais adequadas.